Muitas pessoas agendam comigo um café, para falar sobre o sonho de escrever um livro. Adoro uma boa conversa regada a café sobre este assunto. Um tempo despretensioso, apenas para apresentações e um bate papo interessante. Ás vezes, presencial, em outras, pela rede virtual.
Fica na pauta o sonho, o desejo, a curiosidade entre o idealismo e a realidade. Dentre todos que se reúnem, alguns fogem, outros adiam, e ainda outros escrevem. Dentre os que escrevem 90% deles publicam. Palmas para os aventureiros das palavras!
O interessante é que às causas da fuga e do adiamento na maioria das vezes não têm sua origem em questões como dinheiro ou tempo, mas apenas baseada no medo. Medo de quê?
O medo das avaliações e críticas sobre o livro escrito. E pasmem! Medo principalmente da autocrítica. O medo nem sempre é consciente, mas é real. A busca pelo livro perfeito, pelo best seller, pela obra prima, é um entrave na vivência da escrita. O perfeccionismo, o desejo de sucesso pautado no êxito da perfeição, a arrogância pela busca do ideal, tudo isso impede o prazer de escrever e concretizar o seu livro. O prazer da trajetória, da gestação, da brincadeira “séria”, do “fuxico” entre as letras, do rir de si mesmo, da loucura de publicar-se e lançar-se na exposição.
Todos temos o direito da expressão, tanto os “gênios” como os simples mortais. Alguns ambientes de mercado pensam ter as chaves das autorias nas mãos, puro engano, a chave está na mão de cada pessoa que é gente, que se expressa, que tem um grito, que possui uma história boa ou não, que saiba ortografia ou não, que domine as técnicas ou não.
Que libertação existe em viver a mediocridade. Pobres dos “gênios”, dos “masters”, do“best”, dos “powers”, que ficam no caminho buscando ultrapassar a si mesmo, vivendo uma auto-competição selvagem à ponto de se autoboicotar no prazer de realizar. Como é bom a realização de realizar apenas!!!
Adoro pegar meu livro recém publicado em mãos e vê-lo com suas belezas e amá-lo com suas imperfeições. De outra forma, se ele fosse perfeito, eu até poderia lê-lo, mas com certeza não me leria!
A Hora é Agora!
por Rose Lira, Consultora de Escrita na Central dos Escritores.