Estou neste exato momento em uma sala facilitando uma OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA. Os participantes estão cada um em seu notbook, concentrados, desafiados, imersos desenhando letras na minha frente.
E eu? Eu estou observando as suas práticas. Mas como observar e não escrever? Pra mim isso é quase impossível. Ver o outro com atenção é acolher histórias em minhas mãos. Cada pessoa tem uma história agora. Sim! Histórias não são construídas só a partir do passado. Histórias são feitas de “agoras”, nos “hojes da vida”, “now”. Vejamos:
Há a história daquele que escreve e não sabe que escreve. Já tinha todas as letras na manga e pensava ele que estavam na barra da calça. Sua crença era mais dominante que o seu espetacular potencial. Mas nesse caso específico, letra não pede licença, ela chega chegando. Ela faz “Boooo” e diz, “Vim te assombrar com a possibilidade de você se tornar um escritor publicado”.
Há a história daquele que achava que escrevia, mas na verdade ele vivia mais que escrevia. Um escritor inserido e entranhado na vida! Esse as letras o pegam de mansinho. Elas se revelam no cotidiano de uma hora para outra. Na verdade sempre estiveram lá, mas escondidas por trás da vida. A Vida que é vaidosa, não deixa de somenos, convida as letras para expô-la com todo brilho que tem direito. E nasce um autobiografado!
Por fim, há a história daquele que mais desejava escrever. Mas o medo de expor a sua escrita o paralisava. Para evitar a tentação da exposição nada melhor que escrever NADA. E as letras se acumulavam em sua memória, em sua vivência. “Meu desejo é puramente profissional”, explicitava. Mas que nada! Trazia em seu medo uma coragem fantasiada de vontade. E nasce um escritor de redes sociais.
Assim, deixo eu o passado e escrevo o hoje, o agora, pois é nessa dança do olhar que construo o meu futuro.
por Rose Lira.