Eu escrevo textos desde que me entendo por gente. Sim, não estou exagerando!
Desde que comecei a me perceber no mundo, me apaixonei pela escrita – e leitura – das palavras. Sempre gostei de ouvir histórias, de mudar os finais, de registrar os pensamentos e ideias, de criar o faz de conta e conversar com os cadernos.
Quando era dia de fazer compras para volta às aulas, tinha sempre itens a mais na lista da minha mãe: os cadernos de escrita pessoal. Como criança nerd metódica que era, não usava de jeito nenhum os cadernos de estudo para escrever, mas também não podia ficar sem escrever o dia inteiro! Então, pedia para minha mãe comprar um caderno extra só para que pudesse escrever livremente, e ele ia mais para a escola comigo do que os livros obrigatórios.
Isso foi uma tradição que se manteve durante a faculdade de jornalismo e encontrou-se com a escrita terapêutica de forma muito bonita – e que segue forte até a atualidade, com a única diferença de que, hoje, a maioria de meus cadernos são de escrita pessoal, já que sou escritora.
O mais interessante disso tudo, acredito eu, é que, ao olhar para trás, eu possuo não apenas memórias, lembranças, fotos e histórias que contam sobre mim. Não, eu tenho, além disso tudo, a minha versão dos fatos – e a interpretação que fiz deles – com todas as emoções, sentimentos, pensamentos e suposições envolvidos, tudo isso num registro fiel e evolutivo de quem eu fui, o que passei e no que me tornei.
Tenho registrado, tinta no papel, a mão, o passar dos meus anos, o passar de minha vida. Posso ver e comparar, nitidamente, diferentes letras cursivas, textos desenhados, com corações em pingos de i’s ou rabiscados raivosos, com marca de força no papel, manchas de tinta estourada e até mesmo partes riscadas – o que desisti de dizer?
Ao olhar meus escritos, posso hoje acompanhar a mudança que tive de dentro. O amadurecimento das ideias, as decepções, as frustrações, a criação de cada sonho – alguns, aliás, que hoje já realizei, outros que desisti no meio do caminho.
Quando digo ser escritora, além de todo o resto que isso possa significar (e significa muito!), estou querendo dizer que tenho a sorte grande de poder, durante o exercício da minha profissão, registrar o meu legado – de vida, de carreira, de pessoa.
Por isso, para todos que desejam escrever um livro, eu digo: sim! Escreva, publique, faça logo, faça agora! Escrever é registrar o seu legado, é imortalizar a sua experiência de vida nas páginas da história.
Gabriella Maciel Ferreira