Embora ainda esteja vivendo em isolamento social, hoje eu precisei sair de casa para resolver pendências burocráticas… Coisas que precisam de papel e assinatura, sabe?! Resolvi aproveitar a saída e passar numa livraria – um dos meus lugares prediletos de todo o mundo.
Não demorou muito para que logo eu estivesse com uma pilha de livros no braço, mais alta do que eu poderia segurar e, certamente, mais volumosa do que deveria comprar… O livro que de fato comprei foi “CEM – o que aprendemos na vida”, de Heike Feller e Valerio Vidali.
O livro conta, basicamente, “tudo o que acontece ao longo de uma vida”, de zero a cem anos… como o título mesmo já diz! Esta leitura é uma experiência lindamente emocionante e vale a pena demais procurar…
Eu, que fiz aniversário há poucos dias, me vi em várias das “emoções, conquistas, angústias e perdas” que o livro diz estarem presentes na trajetória de todos e cada um de nós! Enquanto lia, percebi que, se fosse para ilustrar a narrativa com a minha vida, um detalhe a mais estaria sempre presente: o caderno.
Hoje, aos 28, já posso dizer que o caderno de escrita foi SEMPRE uma presença forte em minha vida, desde que aprendi a escrever (e talvez até mesmo antes!) e a cada momento, de verdade! Comecei a considerar, então, quais os momentos em que mais me entregava a escrita…
Acabei fazendo uma lista: eu escrevia sempre que estava pensativa, indignada, com raiva, decepcionada, feliz, comemorando uma conquista, ansiosa, extasiada. Escrevia quando estava sem sono, quando lia algo muito legal, quando via um filme interessante, nos momentos especiais, dia das mães, dos pais, dos avós, da bandeira… Quando queria expressar minha opinião ou quando precisava argumentar algo a alguém. Quando queria emocionar ou alegrar alguém…. Eu escrevia quando tinha sonhos loucos e quando tinha pesadelos. Escrevia sobre os sonhos eróticos, também, mesmo antes de ter tido qualquer experiência sexual!!! Escrevia sobre o futuro, o passo e o presente, como se fossem crianças que brincam de bola no quintal, uma passando o texto para a outra, se misturando, se ajudando ou atrapalhando, tudo ao mesmo tempo.
Escrevia quando queria explicar alguma coisa de mim para alguém… E também quando precisava muito entender algo de mim que parecia impossível compreender. Escrevia para chorar, para passar a dor, para fazer-me a mim mesma companhia. Escrevia para ficar só, também… Escrevia cartas a pessoas que não poderiam nunca ler… Escrevi cartas que podia, mas nunca entreguei. Escrevi declarações de amor escondidas e desabafos que foram amassados no fundo da lixeira.
Para mim, escrever foi, sempre, uma ferramenta muito importante de expressão. Foi ferramenta de transformação, de encontrar sonhos (e alcançá-los!), um espaço todo meu, de encontro – fosse com outras pessoas, ou só comigo, mesmo. Escrever sempre foi algo muito importante, imprescindível, porque sempre foi a forma com que eu conseguia assimilar e concretizar toda a confusão de pensamentos que me atormentava.
As histórias sempre foram meu refúgio. E eu sempre me encantei com a possibilidade de construir os meus próprios refúgios, contar as minhas histórias e fazer disso carreira… Agora, enquanto escrevo o meu terceiro livro, a sensação não é mais tanta de urgência, e sim de liberdade, de paz, de dever sendo cumprido e trabalho sendo feito. É uma sensação de vida seguindo seu curso, sabe?!
Quando muito jovem, eu tinha mania de querer saber de tudo, apressar tudo, tudo para agora!!! Uma urgência típica de adolescente que não tem paciência de esperar a vida acontecer. A escrita foi a única capaz de me fazer parar e esperar, a única capaz de me dar alento e me acalmar para conseguir chegar lá… A escrita é, para mim, mais que uma ferramenta de trabalho – mas também!
A escrita é válvula de escape, remédio para alma, palco para o ser. Assim sendo, como poderia deixar de dizer o fato que paira sob o texto nesse exato momento? Escrever é viver. Simples assim.
Gabriella Maciel – Consultora de Escrita
13 Comments
ameii!!
Q reflexao linda Gabi!!!!!
arrasou, Gabi!! 👏🏻👏🏻
Me vi num túnel do tempo… minha pequena de 5 anos dizendo que queria ser uma escritora como o Pedro Bandeira…
A escrita já veio com você, como um pedaço do seu corpo, sempre fez lindamente parte da sua vida. Tenho muito orgulho de estar pertinho de você nessa construção. Te amo!
Lendo ,encantada com suas palavras e vendo a Gabi que conheço e tanto admiro em todas as palavras do texto,vc nos faz pensar ,sentir o quanto o ler faz bem a alma,reconforta e tanto nos ensina, obrigada minha grande menina
MARAVILHOSA! 😍
Sou sua fã. Sucesso!
👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾 excelente Gabi!!!
Gabi, ler seus textos é sempre um grande prazer.
Excelente texto. Arrasou como sempre!
Palavra, texto, lido ou escrito me definem desde que me lembro como gente. Gostei demais do seu texto
Que a esctita continue operante na sua vida.
Gabi, que lindo,amei❤