Dias como este são sempre fortemente simbólicos para mim. Primeiro pelo fato da simples necessidade de existir um dia para sermos vistas – dia da mulher – que no fundo significa que todos os outros dias são deles, os homens, nessa nossa sociedade ainda tão patriarcal…
Admito: já conquistamos muito! Conquistamos mais espaços, somos mais ouvidas, mais notadas e, no fundo, incomodamos mais que antes – e a isso, bato palmas.
Crescendo, sempre me inspirei nas grandes. Rachel de Queiroz, Clarice Lispector, Ruth Rocha eram minhas fadas-madrinhas-mágicas, que traziam as histórias e me faziam viajar no sonho lindo de um dia também me tornar escritora. Na juventude, outras surgiram. Malala, Rupi Kaur, Chimamanda, Martha Medeiros, Sophie Kinsella, Meg Cabot e tantas outras se juntaram a elas e me ensinaram tudo o que eu precisava saber sobre ser eu no mundo.
Depois, me tornei escritora e conheci ainda mais mulheres inspiradoras. Rose Lira, Leci Queiroz, Caroline Vieira e um mundo mágico de escritoras, mulheres e donas da “coisa” toda surgiu para mim – um mundo encantador e no qual logo quis me inserir.
Escrever é, sempre, contar a sua verdade. “Escrever é dar para o mundo sua versão do mundo”, diz a tatuagem que marquei no braço com minha letra. Minha versão do mundo transpassa de mim através da minha escrita, ganha vida no papel e vira propósito quando compartilhado com outras que pensam como eu.
Cada vez mais acredito ser o mundo um lugar de muita feminilidade. Um lugar de mulher estar onde quiser. Lugar de mulher ser dona de si, de bater o pé no chão e ter e ser tudo o que quiser. O quanto eu puder levar o feminino ao mundo através da minha escrita, vou fazê-lo. Sempre. Para que as próximas gerações já nasçam com meio caminho andado!

Gabriella Maciel