Sou uma pessoa curiosa. Devo a grande maioria das minhas conquistas à minha curiosidade. E até mesmo o que costumam me dizer que é coragem, eu acho que, no final das contas, era só curiosidade.
Não que isso seja algo ruim, de forma alguma! A curiosidade é, para mim, o meu traço mais forte e, de fato, o mais interessante. Essa coisa de bravura, criatividade, imaginação, ousadia ou mesmo vontade de querer sempre mais… não se deixe enganar: tudo veio da curiosidade.
Quando criança, descobri que o mundo era cheio de mistérios e explicações que eu não poderia ter tão logo eu quisesse. Tinha um montão de coisas que eu queria entender, queria desvendar, queria testar e por à prova… e por isso perguntava, questionava, pedia explicação de tudo e qualquer coisa.
Nem sempre quem estava por perto conseguia saciar minha sede por informações ou fome por explicações… eu estava sempre sedenta e faminta. A fase dos “por quês”, tão conhecida da infância, veio antes do que o comum, e nunca se deu por satisfeita para ir embora! Até hoje consigo emendar um por quê ao outro rapidamente, no meio de uma conversa, indo até o fundo do assunto. Não por menos me tornei jornalista!
Rapidamente percebi que nem sempre as pessoas eram capazes de me explicar tudo que eu queria descobrir, saber ou entender sobre o mundo. Quando esse mundo, no caso, fosse o meu – o meu sentir, o meu viver, o meu sonhar – aí que a coisa complicava mesmo!
E foi nesse momento que me apaixonei pelos livros.
Resumindo a história de amor (porque não são todas as histórias, no fundo, de amor?), eu me apaixonei pela leitura pelo que ela me permitiu descobrir do mundo e, logo em seguida, me apaixonei também pela escrita quando percebi o que ela me permitiu descobrir sobre mim mesma.
A escrita, para mim, funciona como um momento em que a alma permite passagem. O coração fala mais alto e todas as alegorias clichês se fazem não apenas presente, como fazem também muito sentido. Afinal, de que outra forma poderia descrever?
Sempre que vejo algo acontecendo, no meio da rua ou pela tela do computador… Sempre que encontro alguém novo ou observo os motoristas passando dentro dos carros, eu me pergunto, imediatamente, quase inconsciente: “que história será que se desenrola ali?”. Sei que muito disso se dá à minha insistente curiosidade.
Mas você já percebeu como tudo começa e desemboca numa boa história? O jeito que conheço alguém, meu grande sonho, uma amizade, uma tradição familiar, um sentimento de conforto ou uma intriga, um medo ou um vício, o jeito com que como, amarro o cabelo, me visto ou prefiro isso a aquilo… tudo tem uma história por trás.
Como boa curiosa que sou, mas também como escritora e leitora apaixonada, gosto de pensar que o mundo é, na verdade, um grande emaranhado de histórias. Linhas que andam só, mas que se encontram, se cruzam, se amarram, desamarram, se torcem e contorcem, se partem e se remendam. Histórias que duram anos, décadas, séculos… ou histórias de segundos e minutos. Histórias que valem capítulos de nossa vida, histórias que precisam de um livro inteiro para serem contadas. Histórias de sofrimento e de alegrias, histórias de milagres e dores imagináveis. Histórias boas, histórias ruins… do jeito que for.
Pensando assim, até que faz sentido eu hoje ser escritora. A escrita é a forma mais antiga de registro das histórias humanas. Hoje, sou nada mais que uma coletadora histórica – estou registrando e eternizando cada uma das histórias que passam por mim, para que possam viver seu legado e sobreviver ao tempo, palavra, alma, fatos e sentimentos, tudo caminhando junto pela lombada do livro.
Gabriella Maciel – Consultora de Escrita
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