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Cartase Textual

Durante toda a vida, uma das coisas que mais aprendi a fazer foi, sem sombra de dúvida, a catarse textual. Desde a adolescência eu já usava da escrita como forma de expurgar meus sentimentos ruins, de liberar tensões, de desabafar logo após um evento que me foi pesado ou até mesmo trazer até mim o entendimento do que vinha sentindo há algum tempo e não conseguia descrever.

Quando conheci as Oficinas de Escrita Terapêuticas da Central de Escritores, entendi que esse tipo de escrita que eu já era acostumada a fazer, era a tal da escrita terapêutica, a escrita centrada no eu, que me fazia não apenas conversar comigo mesma, mas realmente me contar o que precisava ser dito – e, principalmente, me fazia me ler, me enxergar como deveria ser, como realmente sou, e priorizar os meus sentimentos para além das situações.

Hoje em dia, sempre que tem oficina, eu faço questão de participar, não apenas porque gosto do momento do encontro, com os outros participantes e até comigo mesma, mas porque a escrita que sai dali é sempre transformadora, é sempre algo que transcende qualquer coisa que eu poderia apenas refletir, deitada antes de dormir.

Escrever é um exercício mental. Me leva a pensar, a me testar, a experimentar, a visualizar coisas que não teria coragem de imaginar por mim mesma, apenas. É um ato de coragem, muitas vezes.

Como alguém que gosta muito de escrever e vive quase que somente disso, hoje em dia, inúmeras foram as vezes que eu só pude fazer sentido de algo que estava vivendo depois de me afastar de tudo e ir escrever… assim como também foram múltiplas as vezes em que li textos que eu mesma escrevi e estranhei-me – “Fui eu mesma quem escreveu isso? Poxa… Então é isso que penso? É assim que me sinto? Até que faz sentido”.

Agora, é comum que eu tente escrever sobre tudo e qualquer coisa. É meu jeito de raciocinar. Eu escrevo quando preciso tomar uma decisão importante – e tento escrever sobre os possíveis cenários que aconteceriam em cada caminho disponível para seguir – e escrevo quando não sei mais para onde ir ou o que fazer.

Mas é somente quando toda essa catarse textual ultrapassa os limites do meu próprio ser e transborda, alcançando outros espaços, outras mentes, outras pessoas, outras vidas; quando o texto ganha vida e cria seu próprio movimento, quando ele pode tocar alguém, viver ser processo, gerando seu propósito… é quando o texto se transforma em livro e o livro ganha o mundo, que eu consigo realmente entender a importância daquele começo, daquele primeiro processo de escrita terapêutica, daquele momento catártico em que peguei o papel e a caneta e fui escrever furiosamente, de modo a dar calos nas mãos, a respiração entrecortada e em meio ao pranto que ocasionalmente manchava o papel…

Publicar um livro que conta sobre mim mesma, sobre minhas experiências e sobre meu viver, com todo meu sentir e meu ser… não vou dizer que é algo “fácil” ou simples. Eu preciso, diariamente, lidar com o desapego ao texto… ao livro.

Preciso entender (e aceitar) que todo mundo é diferente e cada pessoa vai ler a partir de seu próprio contexto de vida e dar sua própria carga emocional a algo que é tão intensamente particular meu – mas que, quando lido, transforma-se quase que completamente apenas do leitor.

Mas, ao mesmo tempo, quando percebo que é EXATAMENTE essa a magia do livro – essa possibilidade de viver muitas vidas, de significar muitas coisas, de caber tanta multiplicidade nas entrelinhas, de ser aberto a interpretações e ressignificações, de possibilitar diferentes experiências e entendimentos – e que eu fui capaz de contribuir com um pouco dessa magia no mundo… não há como titubear.

Eu preciso escrever! Preciso catarsear e preciso, também, publicar. Permitir aos meus textos expandir, viver sua vida, voar para além de mim e ir para onde precisarem estar.

Gabriella Maciel – Consultora de Escrita

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1 Comment

  1. Sou a Valéria da Silva, gostei muito do seu artigo tem
    muito conteúdo de valor, parabéns nota 10.

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